A reflexão pastoral na Igreja - entendido como o ato de debruçar-se sobre si mesmo, repensar, reconsiderar – é uma das características fundamentais da comunidade que quer ser viva e continuamente atuante. Comunidade que não reflete a sua ação pastoral tem uma tendência forte em cair no dogmatismo dos “velhos esquemas”. Ao contrário, as comunidades que buscam um contínuo “debruçar-se” sobre si e sua ação pastoral têm como garantia uma vida dinâmica e uma proximidade com a vida de seus integrantes.
É neste sentido que pensar a pastoral, a evangelização para hoje encontra uma pertinência sem tamanho. Questionar-se sobre como evangelizar hoje? Como ser igreja hoje? Para que e para quem ser igreja? é buscar uma resposta que garanta a vida dinâmica de uma comunidade. Por isso este tema não é somente importante e desafiante para a Igreja Institucional universal, mas um “convite condicional” para toda comunidade de base.
A reflexão pastoral sempre deve ter como ponto de partida a realidade concreta da comunidade, pois é para uma realidade específica que somos Igreja. A comunidade existe primeiramente para todos aqueles que estão ligados a ela. Por isso a importância sem tamanho de ter uma boa leitura do contexto comunitário. Dentro deste “olhar” é preciso dar preferência à condição das pessoas, pois a comunidade é formada de pessoas e não de prédios, construções. Mesmo sem construções a comunidade continua existindo.
Em segundo lugar, a comunidade como Povo de Deus não é uma coisa que inventamos hoje, ela tem uma longa história. Nós buscamos ser comunidades seguidores de Jesus assim como a mais de 2 mil anos muitas outras buscaram. Portanto, a reflexão pastoral pode ser iluminada pela experiência destas comunidades, em específico a experiência das primeiras comunidades. É na experiência originária que encontramos o “DNA” da Igreja.
Por fim, a reflexão não pode ser um processo estéril, precisa indicar pistas de ação que se traduzirão em projetos concretos na vida da comunidade. Alguns projetos já existentes são confirmados, outros questionados e exigem mudanças, outros ainda aparecerão como necessidades. Constatar uma dificuldade e não motivar-se para a transformação é como queixar-se eternamente de uma goteira no olho e não tapar o furo do telhado. Por isso é necessário ousadia e criatividade.
Em síntese: uma comunidade que busque ser presença viva e dinâmica de Jesus na realidade em que está inserida, precisa freqüentemente “debruçar-se sobre si mesma”, buscando compreender a sua realidade, iluminando com a Palavra de Deus. Este processo evita o saudosismo (saudades dos tempos passados) e provoca uma atitude sempre nova, criativa e dinâmica.
Como acontece a reflexão pastoral em nossas comunidades?
Elas geram uma atitude de renovação ou sou apenas reclamações?
