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"Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância"! (Jo 10,10)

4 de agosto de 2011

O DESAFIO DA PASTORAL URBANA

Perspectivas de ação na Cidade

O teólogo mexicano Benjamín Bravo, ao falar sobre a cidade, diz: “a urbe é um ato de criação humana. Um de seus produtos mais maravilhosos. Expressão genuinamente bela. Mais do que nunca, reconhecer a cidade como uma criação humana e dar-lhe o “título” de “produto maravilhoso” das inteligências de homens e mulheres, é uma necessidade primeira de quem busca aproximar-se dela. A cidade não é um monstro que precisa ser domado, mas, é aquela invenção maravilhosa que deve ser decifrada, compreendida. Portanto, ato primeiro de um agente de pastoral frente à cidade é aprender a amar, sem que isso lhe tire a liberdade de lhe dirigir um olhar crítico.
 
Aproximar-nos da cidade com amor, nos ajuda a descobrir nela os sinais bonitos da presença de Deus que aí se revela. Imaginar que Deus revela-se na dinâmica agitada da cidade é uma idéia, porém, com a qual não estamos acostumados, pois historicamente aprendemos que Ele se revela na calmaria natural do interior. Re-descobrir, contudo, a presença de Deus na cidade é, também, re-descobrir nova face de Deus, face esta que se mostra dinâmica, plural, diversa. Significa reencontrar “Deus diferente”.
É desde esta expressão dinâmica da cidade – que revela a natureza humana e a divindade presente – que hoje somos convocados a evangelizar. A cidade, nos fala, contudo, com linguagem que não compreendemos, o que nos exige uma postura perspicaz de observação e indagação sobre suas lógicas e suas estruturas.  

Agir pastoralmente na cidade significa potencializar e contribuir no desvelamento do rosto divino que nela encontramos e (re)construir as relações humanas profundamente esfaceladas no ambiente urbano. Daí que, a afirmação de José Comblin, de que todos os elementos de uma pastoral urbana já foram descobertos, já existem, e já estão agindo com eficácia nas cidades do mundo, ganha sentido.


A Pastoral Urbana torna-se mais difícil quando queremos “criar tudo do nada”. A dinâmica da encarnação divina, porém, nos ajuda a trilhar novos caminhos. A realidade urbana nos convoca à encarnação, ao assumir com amor o contexto da cidade, e desde dentro, gestar a transformação. As sementes do verbo, do novo, estão na cidade. Nossa função é descobri-las e cultivá-las.

Edivandro Luiz Frare
Email: xarope_xp@yahoo.com.br