A poucos dias me
foi entregue um belíssimo livro: “Felicidade
foi-se embora?”. Um escrito de três teólogos brasileiros que buscam
instigar a reflexão sobre esse tema fundamental e profundamente atual. Junto
com o livro me foi dirigida uma pergunta: qual é o caminho para manter a
felicidade e a esperança em tempos de crise? Para mim, o caminho é uma firme
espiritualidade evangélica e resiliente! Deixa eu explicar melhor isto que
penso!
Todos temos uma
espiritualidade que diz de nosso jeito de ser, crer, viver. De nossa forma de
existir frente a vida. Que diz do “espírito” que move nosso viver. E espiritualidade
não é, necessariamente algo ligado somente à oração. Antes de tudo, certamente,
a oração é uma forma de abastecer a nossa espiritualidade. Portanto, perguntar-se
pelo caminho para manter a felicidade e a esperança no contexto crítico é
perguntar-se pela “espiritualidade” que precisamos ter.

Olhando para Jesus
vemos que sua vida foi de testemunho fiel, vivida no cotidiano. Nos evangelhos
descobrimos que a busca de Jesus não foi pelos atos heróicos, mas pelo
testemunho fiel vivido praticamente no anonimato. Ele mergulhou com todo o seu
ser em um projeto há muito tempo defendido e anunciado. Um projeto sonhado desde os tempos de Abraão,
Isaac e Jacó. Anunciado por João Batista. Jesus aderiu e levou adiante aquela
bandeira, a bandeira do REINO DE DEUS, de uma sociedade justa, fraterna,
democrática, participativa, sustentável, mesmo quando as forças poderosas da
sociedade faziam de tudo para sufocar esta proposta.
Este sonho Jesus
revelava no seu carinho especial pelos pobres e doentes, na forma rígida com
que denunciava as atitudes de injustiça cometida pelos dominadores, na forma de
se relacionar com os discípulos, na vivencia de outras relações de poder entre
ele e seus discípulos, no testemunho de outra forma de economia possível, etc.
Ele alimentava esta sua espiritualidade com longas conversas com Deus e com
seus discípulos em forma de oração.

Muitos, no desejo
revolucionário de viver uma transformação profunda, se esquecem de viver a
transformação diária, e por fazer opções grandiosas, se esquecem de vivê-las no
dia-dia. Há um ditado que diz: “O revolucionário acontece quando o
extraordinário se torna ordinário”, ou seja, quando aquilo que deveria
acontecer de vez em quando acontece no dia-dia, então aconteceu o
revolucionário. Por isso, nos esforcemos para viver dentro de nossa casa,
aquilo que queremos para o mundo!