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"Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância"! (Jo 10,10)

8 de novembro de 2017

UMA ESPIRITUALIDADE DO COTIDIANO

                                                  
 Amadas leitoras e leitores!


A poucos dias me foi entregue um belíssimo livro: “Felicidade foi-se embora?”. Um escrito de três teólogos brasileiros que buscam instigar a reflexão sobre esse tema fundamental e profundamente atual. Junto com o livro me foi dirigida uma pergunta: qual é o caminho para manter a felicidade e a esperança em tempos de crise? Para mim, o caminho é uma firme espiritualidade evangélica e resiliente! Deixa eu explicar melhor isto que penso!

Todos temos uma espiritualidade que diz de nosso jeito de ser, crer, viver. De nossa forma de existir frente a vida. Que diz do “espírito” que move nosso viver. E espiritualidade não é, necessariamente algo ligado somente à oração. Antes de tudo, certamente, a oração é uma forma de abastecer a nossa espiritualidade. Portanto, perguntar-se pelo caminho para manter a felicidade e a esperança no contexto crítico é perguntar-se pela “espiritualidade” que precisamos ter.  
Da mesma forma que creio que todos temos uma espiritualidade, creio que não há outro espaço de vivê-la se não no cotidiano da vida. É no dia-dia que cada um de nós mostra a que projeto servimos, que sonhos temos e que esperança alimentamos. O dia-dia é o teste mais confiável para mostrar a qualidade de nossa vida e o espírito que nos inspira.
Olhando para Jesus vemos que sua vida foi de testemunho fiel, vivida no cotidiano. Nos evangelhos descobrimos que a busca de Jesus não foi pelos atos heróicos, mas pelo testemunho fiel vivido praticamente no anonimato. Ele mergulhou com todo o seu ser em um projeto há muito tempo defendido e anunciado.  Um projeto sonhado desde os tempos de Abraão, Isaac e Jacó. Anunciado por João Batista. Jesus aderiu e levou adiante aquela bandeira, a bandeira do REINO DE DEUS, de uma sociedade justa, fraterna, democrática, participativa, sustentável, mesmo quando as forças poderosas da sociedade faziam de tudo para sufocar esta proposta.
Este sonho Jesus revelava no seu carinho especial pelos pobres e doentes, na forma rígida com que denunciava as atitudes de injustiça cometida pelos dominadores, na forma de se relacionar com os discípulos, na vivencia de outras relações de poder entre ele e seus discípulos, no testemunho de outra forma de economia possível, etc. Ele alimentava esta sua espiritualidade com longas conversas com Deus e com seus discípulos em forma de oração.
Olhando para Jesus e sendo seus seguidores devemos dizer que nosso sonho precisa ser o mesmo sonho Dele. E a nossa forma de vida deve ser baseada na forma de vida Dele.  Isso significa muito mais do que apenas dizer que acreditamos nele. Significa trabalhar pela mesma causa que Jesus trabalhou, e viver cada dia alimentando este sonho. Acreditar em Jesus é viver uma espiritualidade do dia-dia regrado pelo projeto do Reino de Deus, concretizando na vida familiar, na relação com os vizinhos, na comunidade, na associação de moradores, na escola... tudo aquilo que queremos para o mundo. 

Muitos, no desejo revolucionário de viver uma transformação profunda, se esquecem de viver a transformação diária, e por fazer opções grandiosas, se esquecem de vivê-las no dia-dia. Há um ditado que diz: “O revolucionário acontece quando o extraordinário se torna ordinário”, ou seja, quando aquilo que deveria acontecer de vez em quando acontece no dia-dia, então aconteceu o revolucionário. Por isso, nos esforcemos para viver dentro de nossa casa, aquilo que queremos para o mundo!

20 de junho de 2017

OS JOVENS, A FÉ E O DISCERNIMENTO VOCACIONAL

Foi ainda em 1979 que se ouviu uma das afirmações mais bonitas em relação à Igreja, vinda de Puebla, a Igreja Latina-Americana optava pelos pobres e pelos jovens. Diz-se de uma opção “afetiva e efetiva”. Ainda hoje, no entanto, a evangelização da Juventude é um “gargalo” para a vida da Igreja. Nos perdemos na metodologia, na linguagem e na proximidade com os/as jovens. E com grande facilidade descarrega-se sobre os próprios jovens a culpa do insucesso de sua evangelização. Todavia, uma grande luz se faz ver! Em outubro de 2018 vai acontecer em Roma, um Sínodo (uma reunião de bispos do mundo todo) para refletir sobre a juventude. Neste encontro a Igreja do mundo inteiro quer olhar para os jovens e ouvir deles quais as modalidades mais eficazes para a evangelização hoje. Quer ainda perguntar-se como está acompanhando os jovens na vivência da fé e no processo de discernimento vocacional.
É a primeira vez que a Igreja terá os jovens como tema de um sínodo. Este será um grande momento para a juventude e a Igreja como um todo, pois seguindo a esteira proposta pelo Papa Francisco na Evangelli Gaudium, se deseja aprofundar a reflexão de como contribuir para que a juventude encontre a felicidade que é fruto de um adequado discernimento e escolha vocacional, do seu projeto de vida.
Este momento de preparar-se para o Sínodo dos Bispos que acontece em todas as dioceses do mundo é de fato um momento de graça. O Documento preparatório que está guiando a reflexão nas dioceses e entre as diferentes expressões juvenis ajuda a dar uma previa daquilo que deve ser o sínodo: “Manifestar o desejo de colocar a juventude no centro das preocupações e ações pastorais da Igreja”. Além do mais, carrega uma perspectiva profundamente acertada, pois olha para os jovens e as jovens com um olhar esperançoso e positivo. Sem deixar de olhar o contexto socioeconômico cultural que influencia profundamente a vida da juventude nos tempos de hoje, afirma-se que os jovens são sementes do novo para a Igreja e a Sociedade.
Outra perspectiva muito esperançosa deste caminho sinodal é o desejo manifesto da Igreja em contribuir com os jovens para o discernimento vocacional. Esta temática é fundamental, pois diz da “condição de possibilidade” para os jovens encontrar a felicidade. Nesta perspectiva coloca-se como instrumento fundamental o acompanhamento. Acompanhar como quem deseja indicar um caminho e não como quem deseja apropriar-se da fé dos jovens, é uma manifestação lucida e profunda da Igreja que se coloca a serviço da construção da felicidade.
Por fim, outro elemento profundamente marcante deste caminho sinodal, manifesto no documento preparatório, é a intenção de abandonar os esquemas pré-estabelecidos e desafiar-se a andar “por estradas imprevisíveis e distantes dos locais habituais das comunidade eclesiais”, para encontrar os jovens “ali onde estão, adequando-se aos seus tempos e aos seus ritmos”.
Deposita-se uma confiança muito grande neste processo sinodal, de modo especial por ele carregar esta nota da participação juvenil. A fala de uma jovem manifesta uma grande luz para o caminho da Evangelização da Juventude: Se a Igreja quiser aproximar-se dos Jovens precisa começar melhorando os laços afetivos”. Esta expressão é de quem deseja sentir profundamente a presença e a proximidade da Igreja com seu existir e sua vida. Não há outro caminho para que o Evangelho de Jesus seja anunciado hoje, se não for pelo caminho do coração, dos laços afetivos.

De fato, o dizer da juventude tem cheiro de esperança e profecia.  

Edivandro Luiz Frare
edivandro211086@gmail.com

4 de agosto de 2011

O DESAFIO DA PASTORAL URBANA

Perspectivas de ação na Cidade

O teólogo mexicano Benjamín Bravo, ao falar sobre a cidade, diz: “a urbe é um ato de criação humana. Um de seus produtos mais maravilhosos. Expressão genuinamente bela. Mais do que nunca, reconhecer a cidade como uma criação humana e dar-lhe o “título” de “produto maravilhoso” das inteligências de homens e mulheres, é uma necessidade primeira de quem busca aproximar-se dela. A cidade não é um monstro que precisa ser domado, mas, é aquela invenção maravilhosa que deve ser decifrada, compreendida. Portanto, ato primeiro de um agente de pastoral frente à cidade é aprender a amar, sem que isso lhe tire a liberdade de lhe dirigir um olhar crítico.
 
Aproximar-nos da cidade com amor, nos ajuda a descobrir nela os sinais bonitos da presença de Deus que aí se revela. Imaginar que Deus revela-se na dinâmica agitada da cidade é uma idéia, porém, com a qual não estamos acostumados, pois historicamente aprendemos que Ele se revela na calmaria natural do interior. Re-descobrir, contudo, a presença de Deus na cidade é, também, re-descobrir nova face de Deus, face esta que se mostra dinâmica, plural, diversa. Significa reencontrar “Deus diferente”.
É desde esta expressão dinâmica da cidade – que revela a natureza humana e a divindade presente – que hoje somos convocados a evangelizar. A cidade, nos fala, contudo, com linguagem que não compreendemos, o que nos exige uma postura perspicaz de observação e indagação sobre suas lógicas e suas estruturas.  

Agir pastoralmente na cidade significa potencializar e contribuir no desvelamento do rosto divino que nela encontramos e (re)construir as relações humanas profundamente esfaceladas no ambiente urbano. Daí que, a afirmação de José Comblin, de que todos os elementos de uma pastoral urbana já foram descobertos, já existem, e já estão agindo com eficácia nas cidades do mundo, ganha sentido.


A Pastoral Urbana torna-se mais difícil quando queremos “criar tudo do nada”. A dinâmica da encarnação divina, porém, nos ajuda a trilhar novos caminhos. A realidade urbana nos convoca à encarnação, ao assumir com amor o contexto da cidade, e desde dentro, gestar a transformação. As sementes do verbo, do novo, estão na cidade. Nossa função é descobri-las e cultivá-las.

Edivandro Luiz Frare
Email: xarope_xp@yahoo.com.br


1 de julho de 2011

TRÊS "MODELOS" DE COMUNIDADE


     
 


TRÊS “modelos” de comunidade para nos iluminar

Todo cristão, se quiser realmente ser fiel ao projeto de Jesus, precisa viver em comunidade. Não existe seguidor de Jesus vivendo sozinho. Mas há diferentes formas de ser comunidade: a natureza nos ajuda a olhar estes diferentes modos:

     

Comunidade Abacate neste modelo de comunidade temos duas partes bem distintas: o caroço e a massa. Ambos parecem estar juntos, mas estão no fundo separados. Toda a dinâmica da vida está no caroço que é um núcleo duro, não depende da massa que o rodeia. Além do mais o caroço é o centro, tudo o mais é periférico.




 

Existe ainda outro modelo de ser comunidade. É a comunidade Cajú. Em sintese, a comunidade cajú é aquela em que a semente não se mistura com o resto da fruta. Está pendurada. Junto, mas não se envolve com nada. Muitas vezes nem sabe o que está acontecendo.
      

Comunidade Laranja na comunidade de modelo laranja as coisas são diferentes: ela é formada de gomos e com sementes. Não existe uma parte que é centro e outra que é periferia. Todas as partes formam o todo da laranja. Alem do mais em cada gomo existe como que pequenos gominhos. A dinâmica da vida não se encontra centralizado em apenas um lugar, mas em todos os gomos temos sementes.
  

Percebemos que há várias formas de ser comunidade. Não podemos esquecer que a comunidade (Igreja) são todos aqueles que participam. Por isso dizemos que a Igreja é Povo de Deus.


Meu irmão, minha irmã:
1.      Que tipo de Igreja você acredita que mais se aproxima do jeito de Jesus?
2.      Com qual modelo de Igreja você, com sua pratica, mais se identifica?